segunda-feira, 16 de maio de 2016

GENTE DE PINHEL E SEU
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PRESIDENTE CARNEIRO DE GUSMÃO
José Abranches Carneiro de Gusmão foi um dos mais importantes pinhelenses da geração nascida no último quartel do séc. XIX. Nasceu na nossa cidade em 8 de Agosto de 1874 e era filho de Bernardo Augusto Carneiro de Gusmão e Vasconcelos e de D. Maria do Carmo Seromenho de Figueiredo.
Fez o curso liceal no colégio de São Pedro, em Coimbra. Casou aos 30 anos com D. Isabel Meneres Pereira de Gusmão, de quem teve dois filhos.
Em 1906 foi membro fundador da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Pinhelenses. Também, foi ajudante do comando e segundo comandante.
O seu primeiro emprego foi como ajudante no 2º cartório notarial de Pinhel, dirigido pelo pinhelense notário dr. Joaquim Desterro de Almeida. Quando, em 1921 este assumiu as funções de governador civil da Guarda, Carneiro de Gusmão foi seu secretário.
Depois exerceu o cargo de contador na comarca de Ponte de Sor durante onze anos.
Quando a agência da Caixa Geral de Depósitos foi instalada em Pinhel, Carneiro de Gusmão foi o seu primeiro tesoureiro.
Voltou a Pinhel e foi vereador do município, vice-presidente, com o engº Augusto Furtado como presidente, e depois foi ele próprio o presidente da Câmara Municipal. Tomou posse deste cargo em 23 de Março de 1931.
Foi um dos mais brilhantes e prestigiados presidentes de Câmara que Pinhel teve no século passado.
Assumiu que a grande obra da sua presidência deveria ser o abastecimento de água potável e canalizada a Pinhel. Até ali, a água que abastecia os habitantes da cidade era recolhida em fontes (Fonte Nova, de Marrocos, do Bispo, do Passareiro, etc). e chafarizes (da Amoreira, das Monas, da rua do Repouso, do largo dos Combatentes, etc.). A única água canalizada que existia naquele tempo era transportada da Fonte do Coche, que ficava perto da Quintã dos Bernardos. A água vinha dali por queda livre até à arca do antigo Paço Episcopal (então quartel militar) numa obra feita em 1886 sob a direção do engº Fernando Sousa, militar do RI 24 aquartelado na nossa cidade.
O projeto de abastecimento de água a Pinhel sob a égide do presidente Carneiro de Gusmão visou fazer pesquisas no aquífero do Colmeal, na encosta da serra da Marofa, e tendo dado bons resultados, canalizá-la até aos dois grandes depósitos mandados construir por si no perímetro do castelo. Para o efeito mobilizou vários engenheiros do Ministério das Obras Públicas que vieram para Pinhel trabalhar com alojamento e alimentação cedidos a suas expensas na sua casa de família, sita no centro histórico.
Com a chegada da água canalizada a Pinhel, outros projetos já germinavam na mente e na ação do presidente Gusmão e por ele mandados executar: o saneamento básico nas principais artérias da cidade, o calcetamento das ruas, o arranjo dos jardins, a florestação do parque da cidade, a construção duma piscina nesse parque, a criação do Museu e da Biblioteca Municipais e, sobretudo, a melhoria de estradas e caminhos entre a sede do concelho e as várias aldeias e lugares do território sob sua administração, bem como a edificação de escolas primárias do plano dos centenários e a substituição de muitas fontes de chafurdo por chafarizes.
A Inauguração do abastecimento de água em 16 de Novembro de 1941 foi o ponto mais alto da sua administração autárquica, tendo vindo a Pinhel nessa ocasião, o então ministro das Obras Públicas, engº Duarte Pacheco, que aproveitou essa data festiva para, em nome do governo da Nação, condecorar o presidente Gusmão com o grau de cavaleiro da Ordem de Cristo.
Foi o presidente que, na nossa lembrança, mais trabalhou em prol do engrandecimento do seu concelho, tendo oferecido ou doado terrenos de parte da sua herança para obras necessárias, de que são bons exemplos a escola e a casa do professor na povoação de Quinta Nova.
Faleceu em 22 de Abril de 1953 e ficou sepultado no cemitério de Pinhel. No início dos anos setenta do séc. passado foi dado o seu nome à larga avenida que vai do edifício do Tribunal até quase à ribeira da Pega, na quinta da Cheinha. A sua memória já foi recordada neste Jornal em termos desvanecedores e brilhantes por Luisa Costa Gomes. Nós apenas prolongamos de forma modesta mais um pouco da biografia deste grande pinhelense.
Abel Virgílio

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